Como escolher um orientador de mestrado ou doutorado

Muitos leitores têm comentado que estão ansiosos para começar um mestrado ou doutorado e perguntam como encontrar um orientador. Perguntamos a alguns colaboradores do Ciência Prática quais as dicas eles poderiam oferecer.  Como achar um orientador? O que buscar? Deve-se escolher um tema específico ou não? Abaixo estão as respostas.

Quando eu decidi fazer o meu mestrado, o primeiro que fiz foi olhar no site do programa de pós-graduação do meu interesse as linhas de pesquisa que eles tinham e qual delas me interessava mais e quais os professores que pesquisavam nessa área. No mestrado do meu programa não tinha a opção de escolher orientador (no doutorado sim). O que pude fazer foi escolher a linha de pesquisa no momento da inscrição e, depois, durante a entrevista (que é a segunda fase, após uma prova de conhecimentos sobre a área) dizer os temas principais do meu interesse (sabendo que implicitamente isso dava um direcionamento em relação ao professor que me poderiam atribuir). Já no doutorado foi diferente. Tive que submeter um projeto e escolher o orientador. Como já fazia o mestrado no mesmo programa, conhecia os professores e foi fácil conversar com eles sobre o tema que me interessava. Um ponto que recomendo é conhecer o Currículo Lattes dos possíveis orientadores, pois permite ter uma ideia dos seus temas de pesquisa, publicações, etc..

– Alejandro Germán Frank (Engenharia de Produção)

Curiosidade pelo tema escolhido para pesquisa é fundamental. Hoje em dia, a pesquisa em Geociências é uma atividade colaborativa, internacionalizada e, como todas as áreas da ciência, avança com rapidez. Grandes problemas com potencial para descobertas importantes requerem trabalho em equipe. Do ponto de vista prático, deve pesar não apenas a disponibilidade e experiência do orientador, mas também a sua capacidade em reunir um bom grupo, a sua inserção internacional e sua competência para conseguir financiamento regular para a pesquisa. Isto diversifica e amplia o aprendizado durante o mestrado ou doutorado, além de gerar oportunidades para a etapa seguinte em outros grupos de pesquisa.

– André Sawakuchi (Geologia)

Quando estava procurando um orientador para o meu mestrado, conversei com vários professores nas minhas áreas de interesse (biofísica, física médica e física das radiações), buscando saber mais sobre: (a) o que eles fazem; (b) quais os tipos de projetos que estavam trabalhando; (c) como era a pesquisa nessa área; e (d) qual projeto (ou tipos de projeto) eu poderia me encaixar se me juntasse ao grupo. A minha sugestão é começar por aí – identificar os grupos e áreas de interesse e ir conversar com eles. Também sugiro conversar com os estudantes que já estão trabalhando nos laboratórios.

– Eduardo Yukihara (Física)

Pela minha experiência há dois itens a considerar: (a) área de pesquisa; (b) personalidade do orientador e grupo. A primeira é importante; o estudante pode ter inclinação ou gosto por alguma área específica, mas deve considerar as outras áreas disponíveis que desconhece e para isso deve fazer pesquisa, levantamento etc. Quanto ao item (b), talvez este seja mais importante ainda, pois se as personalidades do orientador e do orientando forem incompatíveis, a situação pode ser desastrosa. O trabalho de mestrado ou de doutorado deve ser de muita interação não só entre orientador e orientador, mas também com os componentes do grupo e deve haver camaradagem, ética, ajuda, respeito, troca de ideias, de experiência etc.

– Emico Okuno (Física)

O artigo “A importância de um bom orientador” do blog Sobrevivendo na Ciência também oferece dicas importantes sobre a escolha do orientador.

Com certeza outros professores, ao lerem este artigo, terão dicas igualmente ou mais importantes para os estudantes no início de carreira. Agradecemos aos professores que  puderem deixar um comentário, contribuindo para a discussão e ajudando os estudantes nessa decisão tão importante de suas carreiras.

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Sobre Eduardo Yukihara

Pesquisador | Professor | Autor
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7 respostas para Como escolher um orientador de mestrado ou doutorado

  1. Fábio Lúcio Martins Neto disse:

    Conhecer os orientadores e as linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação é essencial. Mas saber é que quer e o que se pretende ao partir para uma pós-graduação e se especializar é crucial.
    No processo seletivo para o Programa de Mestrado deixei claro na entrevista qual era o meu interesse principal, incluindo o orientador, ao me inscrever. Após a conclusão do Mestrado trabalhei por dois anos, após os quais decidi-me tentar o doutorado. Fiz a inscrição em duas instituições diferentes, porém do mesmo nível, mas no mesmo Programa. Após a inscrição e antes do início do processo seletivo, tive a oportunidade de participar de um congresso científico, onde conheci melhor os trabalhos desenvolvidos pelos grupos de meu interesse das duas instituições e as pessoas com quem trabalharia. Escolhi aquele com o qual mais me identifiquei tanto com os trabalhos, quanto com a equipe (esagiários de graduação e estudantes de pós-graduação). Atualmente estou no segundo ano de doutorado e as minhas expectativas estão correspondendo com o que tenho vivenciado.

    Fábio (Agronomia)

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  2. Perla Ribeiro (Gestão Ambiental) disse:

    Me identifiquei com esse artigo. Quando resolvi entrar para o mestrado em Ciências do Ambiente – UFT, sabia muito bem o que queria trabalhar e quem seria meu orientador. Antes, de me inscrever conservei com o meu orientador e disse que eu queria que ele me orientasse. Olhei seu Lattes, publicações, tudo. Era o cara pra mim. Fiquei no pé dele. Ele só foi responder os meu 30 mil email depois que ingressei ao mestrado. Até então estava tudo certo. Mas, em uma reunião da coordenadoria e os alunos, foi me “jogado” um outro orientador. Fiquei confusa e não queria o tal orientador que me foi dado. A justificativa da coordenação seria que por ser um mestrado interdisciplinar, teria que casar várias áreas. Conversei com o orientador sugerido e expliquei o que realmente queria trabalhar, não foi fácil, acho que mexeu no ego dele e ficou uma situação chatissíma, mas, ainda sim continuei em recursar o orientador sugerido pela coordenação e fiquei com quem sempre quis trabalhar. Hoje reconheço a minha ousadia e persistência em está pesquisando com um dos antropólogos referência na área indígena no estado do Tocantins, e ainda bati o pé, e meu co-orientador também é um antropólogo. Foi uma situação delicada, pensei muito. Mas, estou fazendo o que sempre quis e com orientadores excelentes!

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  3. Do ponto de vista de uma orientadora , gostaria de fazer mais alguns comentários.
    1. Nunca envie e-mails para vários potenciais orientadores de diferentes áreas ao mesmo tempo. A maioria não vai nem responder porque isso significa que você não tem a menor ideia do que quer fazer da vida.
    2. Não envie e-mails com erros de gramática e ortografia.
    3. No primeiro contato, fale um pouco de você e de seus interesses, envie o link para seu Lattes e peça para marcar uma entrevista. Se você não se apresenta adequadamente, a maioria também não vai nem responder.
    4. Jogue aberto desde o início em relação aos potenciais cursos e orientadores com que está conversando. A relação aluno-orientador deve ser bastante aberta e sincera desde o princípio para funcionar.
    5. Lembre-se que é você quem está pleiteando entrar na “casa” de outra pessoa. Então o orientador tem todo o direito de não te querer (sem necessariamente precisar se justificar…). Mas é importante negociar uma data limite para que o aceite da orientação seja definido para os dois lados.
    6. Procure conversar com outros estudantes do laboratório (de preferência fora do mesmo para não haver constrangimento) e conhecer a forma de orientação e organização do lab, pois depois não deve reclamar de algo que era sua obrigação conhecer antes.
    Rosana M Rocha

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    • Rosana, muito obrigado pelos comentários. Gostei em particular do seu comentário 1, pois isso acontece o tempo todo e prejudica muito a reputação do candidato. Os outros comentários são também muito pertinentes!

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  4. doutorados disse:

    obrigado por esta publicação!!

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