Organização de arquivos e amostras

Logo quando iniciei o mestrado, minha orientadora me alertou sobre o problema de nomear arquivos. “Você precisa pensar em um sistema”, disse ela. Em seguida, me contou sobre os experimentos que realizou durante um carnaval, no qual os arquivos de computador das medidas das amostras tinham nomes como “carnav1.dat”, “carnav2.dat” etc, e os nomes foram se esgotando. Assim, decidiu chamar o arquivo de uma amostra que caiu durante a irradiação de “caiu.dat”. Desnecessário dizer a confusão que foi organizar esses dados.

Tendo escutado esse sábio alerta, desde o início usei um sistema simples (e óbvio) para arquivos de medidas. Recentemente adotei algo similar para amostras.

Os meus arquivos de computador de medidas (leituras) de amostras têm sempre nomes como:

  • 12102301.dat (exemplo 1)
  • 12102301 – irradiated with 100 Gy.dat (exemplo 2)

O sistema é obviamente a data, no formado “YYMMDD” (ano, mês, dia) seguido de um número sequencial “01”, ou “02”, etc. Quando comecei, os 8 caracteres eram os únicos permitidos pelos sistemas (exemplo 1), mas como hoje nomes mais longos são possíveis, às vezes adiciono algum comentário no nome do arquivo (exemplo 2).

O mais importante é ter um número identificador único gerado automaticamente pelo dia e a sequência em que a medida foi realizada. Dessa forma, é fácil encontrar no caderno de medidas os detalhes da medida buscando nas anotações da data indicada pelo nome do arquivo.

Por exemplo, digamos que você está trabalhando com os dados do arquivo “11100104.dat”. Se você quiser buscar mais informações de como as medidas foram realizadas, basta procurar no dia 01 de outubro de 2011 a quarta medida.

A ordem dos números (ano/mês/dia) é simplesmente para que os arquivos sejam ordenados em ordem cronológica quando listados (em ordem alfabética), ao invés de serem ordenados por dia ou por mês, por exemplo.

No caso de amostras, uso um sistema similar, com algumas poucas modificações. Em nosso laboratório produzimos centenas de amostras, o que torna muito importante usar um sistema lógico.

Para amostras usamos:

  • EGY10050403a – MgO:Li,Ce

O importante, novamente, é ter uma identificação única que permita a localização fácil no caderno de medidas de quando a amostra foi feita.

Note que também adicionamos no início três letras para indicar as iniciais de quem fabricou as amostras, seguido da data (ano/mês/dia), seguido de um número sequencial para indicar a amostra produzida. Se necessário distinguir entre amostras tratadas de forma diferente depois de produzidas, introduzimos letras “a”, “b”, etc. Um sistema sequencial como “EGY0001”, “EGY0002”, etc. pode ser único, mas vai ser difícil encontrar no caderno de medidas quando a amostra foi feita.

Amostras

Amostras preparadas em nosso laboratório. (Note que falta indicar o composto.)

É importante também adicionar o composto sintetizado, para facilitar na localização e disposição do material no futuro.

Eu sei que esse artigo é óbvio para muitos pesquisadores, mas muitos estudantes que estão começando ainda não pensaram nas complicações que podem resultar de não pensar em um sistema de organização já no início.

Leia também:

Contribuiu para este artigo: Emico Okuno.

Sobre Eduardo Yukihara

Pesquisador | Professor | Autor
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4 respostas para Organização de arquivos e amostras

  1. Excelente post e ele veio em uma hora muito particular do meu mestrado.

    Muito obrigado pelas dicas, não sei se vou adotar o mesmo método, mas sem dúvida a dica vai me ajudar muito organização da pesquisa.

    Grande abraço.

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  2. Thamiris Reina disse:

    Ótima dica! Principalmente por ser uma coisa que passa despercebida e que depois transforma um trabalho de 2 horas em 5 horas ou até um dia inteiro. Eu sempre fui péssima em organização e meus arquivos refletem bem isso. Foi bom ler esse artigo, pois existem certas coisas que precisamos “ouvir” para nos dar conta.
    Vou tentar esse método ano-mês-dia e se não der certo, tentar encontrar o meu.

    Obrigada pela dica!
    Abraços.

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  3. Luiz Sardinha disse:

    Muito pertinente o post, e se me permite uma complementação: Nunca, jamais, em hipótese alguma deixe de fazer back-up!!

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    • Luiz,

      Muito bem lembrado. Parece desnecessário falar isso, mas quando o HD quebra a gente descobre que o aluno não tinha backup!

      Já que você tocou no assunto, eu recomendo o Dropbox. Tenho usado nos últimos dois anos e me deu uma tranquilidade enorme. Agora, quando meu computador dá problema, eu sei que os arquivos estão ok nas nuvens e que é só instalar o Dropbox em outro computador para continuar o que eu estava fazendo.

      Além disso, ele funciona muito bem em Mac e Windows e é fácil compartilhar pastas com os outros membros do meu grupo quando trabalhando em um mesmo projeto.

      Obrigado pelo comentário!

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